洛伦索总统在G20 峰会上的演讲-饥饿和贫穷
11月18日,安哥拉共和国总统洛伦索在巴西里约热内卢举行的二十国集团(G20)峰会有关饥饿和贫困的辩论中发表演讲。
洛伦索总统重点提到了:
在安哥拉出台政策促进现代农业的发展。
尊敬的巴西联邦共和国总统路易斯·伊纳西奥·卢拉·达席尔瓦阁下
尊敬的各位国家元首和政府首脑阁下
尊敬的客人们
女士们,先生们
首先,我要感谢卢拉总统阁下邀请我参加这次重要的峰会,并能够在这里就将要提出的不同主题表达我的观点。这些主题中我要强调的是对抗饥饿和贫困的辩论,毫无疑问,这是人类面临的最大问题之一,需要我们所有人、所有政府、商人、人道主义组织、协会领导人、宗教组织和其他类似机构,采取勇敢的做法,不加禁忌地查明这一问题的主要原因,并采取务实和持久的解决方案,以避免只是发放救济,这无法从根本上解决问题。
饥饿是从根本上影响发展中国家的祸害,但它并不是这些地区独有的祸害,因为我们在国内生产总值较高的发达工业化国家也观察到这种现象。
因此,我们必须以同样的视角和同样的敏感性来看待消除饥饿和贫困的问题。
巴西及时倡议成立反饥饿和贫困联盟(安哥拉是该联盟的创始成员),这为一个有价值的工具的出现铺平了道路,这将有助于实现消除贫困和饥饿达成可持续发展目标。
在这个联盟的范围内,我们必须考虑迫切需要创造有利于全球可持续农业发展的条件,以保障粮食安全并实现零饥饿的目标。
为了实现这一目标,需要调动努力和资源,支持各国实施有效的公共政策,这些政策主要基于开展结构性和横向行动,以减少不平等。
卢拉总统阁下
各位阁下
巴西在消除饥饿和贫困方面的经验非常鼓舞人心,因为它取得了实际成果,并向我们表明,农业投资是正确的选择,有助于为促进不同发展因素和改善人民社会生活条件奠定基础。
在安哥拉,我们投资农业,作为国民经济多元化的一部分,以加强粮食安全,减少我们对粮食进口的严重依赖。
这一框架要求国家必须持之以恒地进行变革,不仅要支持家庭农业,还要促进现代农业的发展,这是振兴民族工业的基础。
安哥拉潜力巨大,拥有广阔的肥沃土地、丰富的水源和出口剩余农产品的优越条件,这使我国成为粮食生产领域对外商投资有吸引力的目的地。
正是在国家努力与外国私人投资相结合的基础上,我们乐观地展望未来,相信我们将实现联合国2030年可持续发展目标和非洲联盟2063年可持续发展议程所确定的消除贫困的目标。
确实,除了与农业相关的其他挑战外,我们还面临着气候变化的挑战,在许多情况下,气候变化对农业活动的开展条件产生了负面影响,导致整个社区的贫困进一步恶化。
为了应对这些问题,就安哥拉而言,南部出现严重干旱,安哥拉政府制定了一项计划,第一阶段已成功实施,其中包括向受影响最严重的地区调水,来自库内内河。
这使得基本上致力于畜牧业的游牧人口能够在这些地区定居,这些地区现在拥有可供牲畜饲养的牧场和水源,并且有可能生产供其消费的农产品。
第一条运河——卡福河——已经建成,全长165公里,并设有相应的蓄水水库,目前正在为社区服务。库内内省的 NDue、Calucuve 和 Cova do Leão等其他类似项目仍处于后期建设阶段,计划于2025年竣工。
作为抗击安哥拉南部干旱影响的广泛计划的一部分,我们仍在计划中,到2027年在纳米贝省建造6个大型水库,以蓄水数百万立方米,其中执行机构在筹集资金的过程中。
面对这些自然现象造成的巨大需求缺口,安哥拉政府迅速采取行动,通过KWENDA计划缓解民众面临的困难,该计划本质上与巴西的Bolsa Família计划有一些相似之处。
就安哥拉而言,虽然问题没有从结构上得到解决,但我们决定每月向贫困人口分配一定数额的货币,他们用这些资金对保证他们获得一定经济回报的活动进行小额投资,以便能够以一定的自主性和尊严生活。
卢拉总统阁下
各位阁下
最后,我要感谢大家对我的关注,并对巴西担任二十国集团轮值主席国期间所做的出色工作表示赞扬和赞赏。
非常感谢
Presidente da República discursa na Cimeira de líderes do G20
O Chefe de Estado, João Lourenço, discursou, esta segunda-feira, no debate sobre a fome e a pobreza da Cúpula do G20, que decorre no Rio de Janeiro, no Brasil.
Eis o discurso de João Lourenço na íntegra:
“Sua Excelência Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República Federativa do Brasil,
Suas Excelências Chefes de Estado e de Governo,
Caros convidados,
Minhas Senhoras, Meus Senhores;
Antes de mais, gostaria de agradecer Sua Excelência Luiz Inácio Lula da Silva pelo convite que me formulou para participar nesta importante Cimeira e aqui poder expressar os meus pontos de vista sobre os diferentes temas que vão ser colocados a debate, dentre os quais destaco o do Combate Contra a Fome e a Pobreza, que constitui, sem sombra de dúvidas, um dos maiores problemas que a Humanidade enfrenta e que requer de todos nós, de todos os governantes, dos empresários, das organizações humanitárias, dos líderes associativos, das organizações religiosas e de outras instituições afins, uma abordagem corajosa para identificarmos sem tabus as principais causas deste problema e as soluções pragmáticas e duradouras para se evitar o recurso ao assistencialismo que, de modo algum, resolve esta problemática na raiz.
A fome é um flagelo que afecta fundamentalmente os países em vias de desenvolvimento, mas não se trata de um mal exclusivo destas geografias, pois observamos este fenómeno também em países desenvolvidos, industrializados e com um grande Produto Interno Bruto.
É, por isso, imperioso que olhemos para a questão do combate à fome e à pobreza, sob a mesma óptica e com a mesma sensibilidade.
A oportuna iniciativa da criação, pelo Brasil, da Aliança na Luta contra a Fome e a Pobreza, da qual Angola é membro fundador, abre caminho para o surgimento de um instrumento valioso, que vai ajudar a inverter os retrocessos na consecução dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, relacionados com a erradicação da pobreza e da fome.
No âmbito desta aliança, éfundamental olharmos para a urgente necessidade de se criarem condições que favoreçam o desenvolvimento de uma agricultura sustentável a nível planetário para se garantir a segurança alimentar e alcançar-se a meta da fome zero.
Para isso existe a necessidade da mobilização de esforços e recursos para apoiar os países na implementação de políticas públicas eficazes que assentem essencialmente na realização de acções estruturais e transversais, com vista à redução das desigualdades.
Senhor Presidente Lula,
Excelências
A experiência do Brasil sobre o combate à fome e à pobreza é bastante inspiradora pelos resultados práticos que tem alcançado e por nos demonstrar que o investimento na agricultura é a opção certa que ajuda a construir as bases para a promoção dos diferentes factores de desenvolvimento e de melhoria das condições sociais de vida das populações.
Em Angola, apostamos na agricultura no quadro da diversificação da economia nacional para reforçar a segurança alimentar, reduzindo a grave dependência que enfrentávamos em matéria de importação de bens alimentares.
Este quadro tem requerido das autoridades nacionais um esforço persistente no sentido de o alterar, apoiando não só a agricultura familiar como também promovendo o desenvolvimento de uma agricultura moderna, que serve de base ao impulsionamento da indústria nacional.
Angola dispõe de um enorme potencial, com vastas extensões de terras férteis, água em abundância e condições excelentes de exportação dos seus excedentes de produção agrícola, o que torna o nosso país um destino atractivo e interessante para o investimento estrangeiro na produção alimentar.
É na base da combinação do esforço nacional com o investimento privado estrangeiro que olhamos para o futuro com optimismo e crença de que realizaremos o objectivo da erradicação da pobreza, estabelecido na Agenda 2030 das Nações Unidas sobre os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) e na Agenda 2063 da União Africana.
É certo também que, a par de outros desafios ligados à agricultura, temos o das mudanças climáticas, que agravam em muitas circunstâncias a pobreza de comunidades inteiras, por afectarem negativamente as condições para a realização da actividade agrícola, provocadas por secas severas, por inundações e por outros fenómenos naturais, que agudizam as condições de vida das populações, que já de si enfrentam situações de grande vulnerabilidade.
Para fazermos face a estes problemas, que no caso de Angola se expressa por uma seca severa no sul do país, o governo angolano gizou um programa cuja primeira fase está a implementar com sucesso e que consiste na transferência de água para as zonas mais afectadas, a partir do rio Cunene.
Isto permitiu que populações geralmente nómadas, que se dedicavam essencialmente à pastorícia, se fixassem nestas zonas, que passaram a ter pasto e água para os seus animais e a possibilidade de produzirem bens agrícolas para o seu consumo.
Foi já construído um primeiro canal - o do Cafu -, numa extensão de 165 Km e respectivas albufeiras de retenção de água, já ao serviço das comunidades. Estão ainda em avançado estado de construção na província do Cunene outros projectos similares, os do NDue, Calucuve e Cova do Leão, com previsão de conclusão em 2025.
No quadro do amplo programa de combate aos efeitos da seca no sul de Angola, temos ainda em carteira a construção, até 2027, de seis grandes albufeiras de retenção de milhões de metros cúbicos de água na província do Namibe, estando o Executivo no processo de mobilização de financiamento.
Perante um quadro de enormes carências provocadas por estes fenómenos naturais, o governo tem agido com muita prontidão no sentido de mitigar as dificuldades que as populações enfrentam, por via do programa KWENDA, que tem na sua essência alguma semelhança com o programa “Bolsa Família” do Brasil.
No caso de Angola, enquanto não se resolve estruturalmente o problema, decidimos atribuir mensalmente às populações carenciadas um determinado valor pecuniário, do qual se servem para realizar pequenos investimentos em actividades que lhes garante algum retorno financeiro, a fim de poderem viver com certa autonomia e dignidade.
Senhor Presidente Lula da Silva,
Excelências,
Gostaria de terminar agradecendo a atenção que me foi prestada e deixando aqui uma palavra de enaltecimento e de apreço ao excelente trabalho realizado pelo Brasil durante o período que esteve à frente dos destinos do G20.
Muito obrigado